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terça-feira, 25 de outubro de 2011
Claudia Raia dedica musical Cabaret ao amigo Reynaldo Gianecchini
Desde que iniciou a carreira, no anos 70, Claudia Raia acalentava um sonho que parecia impossível: encarnar a cantora Sally Bowles em Cabaret, um dos musicais de maior sucesso de todos os tempos, que estreou na Broadway em 1966, e seis anos depois ganhou as telas de cinema, sob direção de Bob Fosse, com Liza Minelli no papel principal. Finalmente o sonho virou realidade: a peça estreia dia 28 no Teatro Procópio Ferreira em São Paulo, onde deve ficar em cartaz até junho de 2011, seguindo depois para o Rio de Janeiro.
A trama gira em torno do envolvimento de Sally com o escritor americano Cliff Bradshaw, vivido na montagem brasileira – dirigida por José Possi Neto - pelo ator Guilherme Magon. Quando conseguiu os direitos do musical, cuja produção divide com Sandro Chaim, Claudia tinha, porém, outro nome em mente para formar o par romântico: o de seu amigo Reynaldo Gianecchini, que precisou abrir mão do convite em razão da descoberta de um mioma no cérebro, em agosto, que o obrigou a se afastar dos palcos para se tratar.
"Ele acompanhou tudo, cada passo, cada nota. Já assistiu a vários ensaios. Esse espetáculo é dedicado a ele, com toda certeza", disse a atriz, na apresentação da peça, realizada na segunda-feira no próprio Teatro Procópio Ferreira.
"Sempre pensei nele. Foi o primeiro nome. Quando o convidei, ele aceitou. Aí tivemos a notícia (do câncer), e tivemos de substituí-lo".
Após apresentar alguns trechos da peça, Claudia Raia e Possi Neto falaram da escolha do Teatro Procópio Ferreira para a apresentação de musical tão grandioso.
"O Procópio Ferreira tem o aconchego de um cabaré. Nós optamos por não montarmos em um teatro enorme porque isso afastaria o público. A gente sacrificou lugares de um espaço que já é pequeno para um musical, colocando mesas e cadeiras em que o público pode se sentar, como se fosse em um cabaré mesmo, junto com a gente", argumentou Claudia, ressaltando o número de pessoas que o teatro abriga.
"Somos 16 na orquestra, 24 em cena mais uma equipe técnica gigante, mas todos cabemos. Fizemos o nosso Cabaret, claro que seguindo o texto, seguindo as músicas. Mas no resto em tudo nós podemos mexer", figurino, cenário, concepção, linguagem, versões – disse ela, lembrando que a versão brasileira é assinada por Miguel Falabella.
Possi Neto garante que não foi preciso “acanhar” o espetáculo em razão do espaço. Ao contrário, ele até cresceu em certos aspectos, como o da parte musical a cargo de Marconi Araújo. Segundo o diretor, o maestro aumentou o número de músicos para dar tom diferenciado às canções que surgem dentro do cabaré e às que aparecem fora, que cobram arranjos mais encorpados.
"Ele (Araújo) optou por colocar um número maior de músicos do que normalmente se coloca para dar peso desses arranjos em alguns momentos que são sinfônicos. Lá geralmente eles fazem com uma banda mais restrita, que é só de nove músicos".
Outro papel de destaque em “Cabaret” é o do MC (mestre de cerimônias), que, além de fazer a ponte entre as cenas, é o elemento de ligação com o público. No cinema, o ator Joel Grey ganhou Oscar pelo personagem, como ator coadjuvante – ao todo foram oito estatuetas, incluindo de melhor diretor (Bob Fosse), melhor atriz (Liza), melhor fotografia, melhor direção de arte, melhor edição, melhor som e melhor trilha sonora. No Brasil, o MC é Jarbas Homem de Mello, escolado por participações em musicais como Lés Mirerables, O fantasma da ópera, Rent e Grease.
Claudia Raia reconhece que fez uma verdadeira corrida de cão e gato em relação a Sally. Quando aparecia oportunidades e convites para ela assumir o papel, outros compromissos, como com a TV, não permitiam. Foi assim, por exemplo, em 1989, quando ela foi convidada por Jorge Takla para protagonizar o musical, mas teve que recusar por estar ocupada com as gravações da novela “A Rainha da Sucata”. Beth Goulart acabou sendo a escolhida para aquela montagem.
Mas Claudia acha que a chance veio no momento certo e que a espera valeu a pena. Até pela oportunidade de reunir a equipe que está por trás do espetáculo, com outros nomes como Alonso Barros na direção de coreografia, Fábio Namatame nos figurinos e Renato Theobaldo e Roberto Rolnik nos cenários.
"Acho que na época talvez eu não estivesse preparada para viver esse papel. Agora eu consigo ver um pouco mais as filigranas desse personagem, as “cascas de cebola”, e quanta coisa ela pode ser. O que pela imaturidade de 20 anos atrás eu talvez não conseguiria enxergar. Então (Sally) veio na hora certa. Está tudo certo".
O Teatro Procópio Ferreira fica na Rua Augusta, 2.823, tel 11 4003-1212. Cabaret terá sessões às quintas, 21h; sextas, 21h30; sábados, às 18h e 21h30; e domingos, às 18h. Os ingressos custam entre R$ 40 e R$ 200.
Da Agência O Globo
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