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sexta-feira, 7 de setembro de 2012
Ícone dos palcos, Paulo Autran completaria 90 anos nesta sexta
Em meio a uma revolução cultural, marco histórico da época de 1922, conhecida como Semana da Arte Moderna, onde as músicas de Villa-Lobos, as obras de Tarsila do Amaral, a antropofagia de Oswald de Andrade e Macunaíma, de Mário de Andrade ganharam destaque, mais um novo artista nascia para contemplar arte brasileira, Paulo Paquet Autran, que chegou no dia 7 de setembro, um centenário após o 'Grito da Independência' do país.
Com mais de 50 anos de carreira, o ator carioca, que morou parte de sua vida na metrópole paulistana, completaria nove décadas de vida nesta sexta-feira (07). Formado em 1945, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, São Paulo, por influência do pai, Autran tinha um único objetivo profissional, ser diplomata. Isso antes de ser apresentado ao mundo mágico do teatro, onde nitidamente se consagrou.
Paulo iniciou a carreira de artes cênicas participando de algumas peças teatrais amadoras e, por isso, mostrando seu talento, foi convidado para estrelar em Um Deus Dormiu Lá em Casa, de Guilherme Figueiredo, com direção de Silveira Sampaio, no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), onde interpretou um personagem da mitologia grega ao lado da atriz e também parceira de estrada Tônia Carrero. Modesto, o artista relutou dizendo que não era um profissional da área, mas, depois, por incentivo da amiga, topou o desafio.
Após o enorme sucesso da peça, o ator decidiu de vez largar a advocacia para se dedicar exclusivamente à carreira artística, principalmente ao teatro, sua nova grande paixão. Sua passagem pelo TBC lhe deu uma ótima formação graças à riqueza dos repertórios, que ia da tragédia ao texto de vanguarda. Logo depois, Autran decidiu sair do grupo para fundar sua própria companhia ao lado de Adolfo Celi e Tonia Carrero, que durou apenas cinco anos.
Foi nos palcos que desenvolveu sua arte e também se tornou conhecido e adorado por todos. Autran atuou em peças de sucesso, como a adaptação de My Fair Lady, Visitando o Sr. Green, Pif-Paf, Pato com Laranja, Otelo, Macbeth Lisbela e o Prisioneiro, Morte e Vida Severina, entre outros clássicos. Na metade do século 20, atuou com diretores consagrados e com novos talentos, além de ter contracenado com grandes atrizes de sua geração.
Mesmo sendo apelidado com o 'Rei dos Palcos', Autran não deixou de ser memorável em seu curto percurso na TV, onde participou de famosas e inesquecíveis telenovelas. Sua primeira foi em Gabriela, Cravo e Canela. Após aproximadamente vinte anos, o ator retomou às novelas, na TV Globo, onde interpretou em Pai Herói, Sassaricando e a marcante e antiga versão de Guerra dos Sexos, que ganhou um enorme destaque ao contracenar do lado da renomada atriz Fernanda Montenegro. Além disso, atuou em minisséries como Hilda Furacão e Um Só Coração. Conseguindo, em todas elas, tornar seus personagens extremamente populares.
Já no cinema, ele interpretou um de seus papeis mais marcantes na telona, o famoso personagem Porfírio Diaz em Terra em Transe, além de Fogo e Paixão, O país dos Tenentes e O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, que concorreu ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Seu último papel foi em O Passado, de Héctor Barbenco. O ator conta em seu currículo com aproximadamente 90 peças, 20 filmes, algumas novelas e especiais para a TV.
Pode se dizer que por onde ele passava era sucesso na certa. Sem aspirar a menor possibilidade de trabalhar em rádio, o ícone recebeu um convite do diretor da conceituada Rádio MEC e, sem medo, decidiu encarar mais esse desafio ao participar de um programa chamado Quadrante, onde lia crônicas, por apenas cinco minutos, de escritores famosos, como Carlos Drummond de Andrade e Cecília Meireles, ambos influenciados e considerados poetas significativos da segunda fase do Modernismo, sendo que a última nunca deixou de lado suas características marcantes do simbolismo. O sucesso do programa foi tão grande que foi considerado um dos quadros de maior audiência, que ficou para a história da rádio.
Paulo Autran, então, se dedicou profundamente ao trabalho do fim dos anos 50 até o Golpe Militar de 64, momento em que a rádio caiu nas mãos de um diretor chamado Eremildo Vianna, que queria acabar com programas que tinham como conceito a liberdade artística. A partir daí, Autran começou a receber textos desinteressantes, os quais se recusava ler e, por este motivo, pediu demissão.
Por conta do enorme talento e perfeição nos palcos, telinhas e telonas, o ator foi premiado por diversas vezes. Entre eles estão: Prêmio Saci, de melhor intérprete por Antígone, em Na Terra Como No Céu e Assim É, Prêmio APCT, de melhor ator em Depois da Queda, de Arthur Miller, Prêmio Molière, de melhor ator em Traições, de Harold Pinter. Ele também recebeu o prêmio de melhor ator no Festival de Brasília pela interpretação no filme O País dos Tenentes, entre outros. Além disso, Paulo Autran foi declarado, em 15 de julho de 2011, pela Presidência da República, como Patrono do Teatro Brasileiro.
Mas, por intermédio da vida, devido a problemas pulmonares, Paulo Autran não conseguiu completar a temporada do seu 90º espetáculo, a peça O Avarento, de Molière. Em 2007, com 85 anos, ele faleceu e deixou muita saudade nos corações de todos seus seguidores e família.
Após a morte, o acervo do consagrado ator foi doado, pela atriz Karin Rodrigues - sua viúva - ao Instituto Moreira Salles, onde é composto por mais de 9 mil itens, entre eles fotografias, recortes de jornais, livros, revistas, manuscritos, correspondências, entre outros.FONTE:http://diversao.terra.com.br
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